quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

A Internet, os trabalhos e os direitos: quando viramos Sherlock Holmes

A internet abriu novos horizontes e quanto a isso não há discussão. Novos campos de trabalhos, novas formas de divulgar seu(s) trabalho(s), novas formas de trabalhar. Trabalhos acadêmicos e artísticos não se prendem mais a problemas geográficos, podemos acessar as informações que queremos quando queremos, conhecer novos artistas (vide Malu Magalhães), interagir com outras pessoas, enfim, a porta das possibilidades estão abertas, desde que se tenha criatividade.
Colocar seu trabalho à vista pode ser ruim (e não apenas pelas críticas destrutivas). Ele se torna alvo de “admiradores invejosos”, que não hesitarão em roubar o trabalho ou o nome do seu artista favorito. O que muitos chamam de “fake”, na legislação tem um nome específico: falsidade ideológica. Quantas vezes não recebemos emails com textos da Marta Medeiros, do Luis Fernando Veríssimo, entre outros, que, com certeza, não foram ELES que escreveram? Palavras, vícios de linguagem, contexto e pensamentos totalmente opostos ao do nosso autor favorito. O nome não corresponde ao estilo.
O que fazer? No momento, as autoras irão relatar experiências que tiveram nesse aspecto. “Recebi um email de uma amiga com um texto do Veríssimo, razoavelmente engraçado, mas com um pequeno problema: não era do Veríssimo. O estilo não batia. O linguajar era chulo. Apesar de poder repassar para algumas pessoas que eu sabia que gostariam, não poderia fazer esse (DES)serviço à cultura, repassando uma informação falsa. Reenviei o texto, mas coloquei “desconheço o autor” no local onde antes constava o nome. Depois respondi à minha amiga, explicando que havia rido e achado engraçado até, porém que aquele texto não pertencia ao autor que dizia no email. Para amenizar, tentei explicar que desejaria conhecer outras obras daquele ilustre desconhecido que, infelizmente para ele, continuará assim. Por que alguém achou que tornaria o texto popular com um nome conhecido (isso pode ter sido idéia do próprio autor! E por isso ele pode ser processado por falsidade ideológica!). O engraçado é que ela nunca mais me mandou emails.”
“Em busca de um texto específico, conhecendo o autor, recebo nos resultados do google que até mesmo Charles Chaplin (aquele mesmo, do “Tempos Modernos”) era o autor daquele conto. Já ouvi falar em trabalhos a quatro mãos, mas aquele havia sido a quarenta PARES! As pessoas repassam qualquer porcaria, colocam na internet o que se passa na cabeça delas e depois nós que não conseguimos acessar à uma informação, além de prejudicar aos autores, que perdem até mesmo o direito de ter seu nome vinculado à sua obra.”

O Bibliotecário se torna um verdadeiro detetive ao buscar uma inocente informação para o usuário. O índice de revocação é enorme, pois QUALQUER UM pode mexer no que quiser, pode disponibilizar o que quiser, sem nenhum controle. A qualidade da indexação não pode ser cobrada em leigos, o conhecimento geral sobre direitos autorais, muito menos. O profissional não tem como ir de casa em casa explicar essas coisas para os usuários/ disponibilizadores. O que ele pode fazer é aproveitar o nicho trabalhista.

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